quinta-feira, 24 de abril de 2014

Relações

Hoje resolvi falar sobre algo que se tornou cliché nos dias de hoje. Algo que cada vez mais é considerado como simples de concretizar e estupidamente banal. Hoje em dia, qualquer um entra numa relação; umas duram dias, outras meses e as mais resistentes, anos. Quem disse que entrar numa relação é fácil, está redondamente enganado; e posso ainda afirmar que não sabem de todo o significado de uma, e muito provavelmente não terão relações duradouras.
Para entrar numa relação é preciso compromisso, entrega, cedência, força e sentimentos verdadeiros. Entrar numa relação a pensar que tudo vai ser um mar de rosas e que príncipes e princesas existem, não é de todo o mais adequado e saudável para uma relação. Eu própria admito que um dia pensei assim: que príncipes existem, que contos de fadas são bem reais, e que a felicidade permanece a toda a hora. Às vezes é mais fácil pensar assim, às vezes é mais fácil enfrentar os medos, saindo da própria realidade e entrando noutro mundo. É verdade que o primeiro mês numa relação é um autêntico paraíso, recheado de borboletas, flores e sorrisos. E muito provavelmente, é isso que nos leva a pensar que uma relação pode ser um conto de fadas para sempre. Mas quando as coisas mudam, esse conto desfaz-se e ficamos nós a pensar “onde me fui meter?”
Com o tempo apercebe-mo-nos que esse conto de fadas só depende de nós, daquilo que acreditamos que possa existir e daquilo que fazemos para tornar a relação o mais próxima do conto de fadas que idealizamos desde crianças. 
Certamente não é fácil atingir um ideal ou um sonho. A personalidade de cada um afecta cada detalhe desse ideal; as qualidades aperfeiçoam-no, os defeitos destroem-no. E agora? O que fazer se a nossa própria personalidade corre no sentido oposto dos nossos ideais e sonhos? Estou aqui a questionar-me e a questionar-vos, porque todos os dias penso que poderíamos poder alterar as nossas próprias personalidades e tudo seria bem mais fácil, bem mais simples. Revolta-me saber que nem sempre controlarmos aquilo que nos faz mal, aquilo que nos destroem em pedaços e que nos faz errar uma, duas e três vezes. É verdade, sonhos e contos de fadas são bem mais complicados do que aqueles que vemos nos cinemas em que tudo acaba sempre bem, e que o "felizes para sempre" vêm estampado no final do filme. Ilusões existem, fragilidades ainda mais. Erros e arrependimentos são o "pão nosso de cada dia" de qualquer relação, sem excepções. E se existem relações sem isto que descrevi, digam-me, mostrem-me, porque já deixei de acreditar que duas pessoas conseguem ter o seu conto de fadas sem quedas, sem dificuldades, sem lágrimas ou sem sofrimento. 
Não vi aqui desanimar-vos ou desanimar-me a mim mesma, muito pelo contrário, quem quer ter uma relação duradoura, estável e feliz, precisa: de trabalhar nela, de lutar pelo o outro, de ceder quando for preciso, de não fugir nas piores alturas, de ser paciente e meigo, de saber afastar-se quando é necessário; de perdoar os erros, de amar incondicionalmente; e sobretudo ... precisa de não desistir, mesmo que a razão diga que é a melhor opção. 
Relações são simples, cada um de nós é que as torna demasiado complicadas.





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